terça-feira, 29 de julho de 2014

Maria Joaquim




A Maria Joaquim e a mãe, D. Ana Maria, a pintar os compadres na oficina aqui no prédio ao lado, tão giras!

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Balanço


Entraram acho que no sábado à tarde e eu estava a ver um vídeo do concerto de abertura.
- Last night concert? perguntaram
- Yes, I could not go, I was still working, so have to see it in video.
A conversa continuou com este casal de estrangeiros e rematei assim:
Parece-me tudo um sonho. Um sonho bom. Os meus filhos vão ter hoje a oportunidade de ver a melhor orquestra de música clássica nacional, conduzida por um maestro de renome mundial.. Em casa. É um sonho.

E acho que isto diz tudo do que foi para mim este primeiro Festival Internacional de Música de Marvão.
Tantas vezes se me encheram os olhos de lágrimas. Tantas. Lágrimas boas, de emoção pura.
A noite morna de verão, no concerto de gala. O céu e as estrelas ali tão perto. A casa cheia, a casa a transbordar de público. A voz da Juliane. O sorriso do Maestro.
O sorriso que o Maestro nunca perdeu. Sempre simpático para toda a gente, sempre disponível. Um sorriso que nos ensina que nos devemos concentrar sempre no que é essencial, no que é realmente importante. Apaixonou-se por Marvão há dois anos atrás e Marvão apaixonou-se por ele e pela sua música. E por amor ofereceu-nos a todos este festival.

No final do concerto de Gala a Diana, o Gonçalo, a Bia e os netos do Peter Eden foram entregar um raminho de alfazema. Neles, estavam todos os meninos de Marvão.Estavam todos os que viveram este sonho.

Tantas vezes me orgulhei de ver tanta gente empenhada para que tudo corresse bem. Agradeço do fundo do coração a quem pedi directamente ajuda, mas muitos mais há. TODOS, "  nenhum de nós é mais forte do que nós todos juntos", disse o Jorge esta manhã por mensagem.

Revejo mentalmente o concerto de encerramento. Os jovens coreanos que alojei aqui na Estalagem e que ora faziam os violinos chorar ora nos arrebatavam com a energia da sua juventude.
E o pôr do sol, o sol a pôr-se, quente e vermelho, visto do albacar. O sol que voltará na manhã seguinte tal como eu desejo tanto que também o Festival regresse para o ano que vem.

Foto do Jorge Rosado



domingo, 27 de julho de 2014

Noite de Gala


Há poucos momentos na vida em que temos a sensação de estarmos a viver um momento perfeito.
Ontem foi assim e a minha vontade é logo escrever e partilhar. Mas não vou fazê-lo porque hoje ainda há um concerto ao final da tarde para aproveitar, para fazer a despedida deste magnífico festival de música. E por isso, porque é tempo ainda de aproveitar, a escrita fica para depois.
Venham daí, hoje é mais em conta e mais cedo, e vale tanto a pena!



O orgulho imenso de ajudar a fazer acontecer.
Nunca somos pequenos demais para ajudar. Nunca.
Porque é o querer que faz a diferença
(no programa do Festival de Música de Marvão)

Compadres



A Elsa queria um compadre e mais dois pequeninos, a reprodução do que ela tem em casa. A Maria Joaquim fez. não ficaram tão giros?

sábado, 26 de julho de 2014

Girlie things

Ontem não fomos ao festival, não tinhamos bilhete e ainda bem porque os últimos hóspedes só chegaram passado as 22 horas.
No entanto estivemos na rua principal de Marvão por altura das 21, quando começou o Concerto de Abertura.
Houve muita gente, e ainda bem, ficámos tão contentes por isso. Mas Marvão é uma terra muito especial e muita gente teve que deixar o carro fora das muralhas. A Câmara assegurou o transporte em carrinhas até à porta do Castelo.
Reparei nos modelitos das senhoras que decidiram ir a pé e se cruzaram connosco.
Umas nem ligaram ao facto de se estarem a dirigir para uma gala de música clássica, outras ligaram demais Outras acertaram, houve de tudo.
Não é facil pensar num outfit para uma ocasição formal, à noite, mas ao ar livre
Uma coisa reparei com mais atenção. Nos sapatos. É tão complicado para os sapatos, aqui.
Como manter a elegância numa terra de calçada sinuosa? Decididamente, Marvão não conjuga com salto alto...

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Sò podia

Ligo para uma empresa de distribuição para tentar comprar um novo produto para a Mercearia
Dizem que não fazem esta zona, para tentar outra distribuidora
Aborreço-me porque foi o produtor que me indicou esta empresa, mas depois o sr que não cheguei a saber o nome despede-se assim:
- Então vá, minha amiga, até qualquer dia
E com este "minha amiga" tão alentejano, desculpo logo o resto

"a música nasceu de um sentimento de amor à vida”

De leitura obrigatória, esta entrevista, para perceberem porque lhe chamo um sonho


Foi num passeio de bicicleta com a família e amigos, durante umas férias em Portugal há três anos, que o maestro alemão Christoph Poppen descobriu Marvão e ficou imediatamente apaixonado pela vila alentejana.
“Como músico, já estive por todo o mundo, em locais muito bonitos, mas Marvão é ainda algo de especial, sem qualquer comparação com outra coisa. Pensei imediatamente que a única coisa que faltava ali era música”.
São cinco e meia da tarde de terça-feira, e o maestro está sentado num banco no jardim da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, depois de terminar mais um ensaio com a Orquestra Gulbenkian. O último ensaio em Lisboa estava previsto para o dia seguinte, e depois, maestro e músicos voltariam a encontrar-se em Marvão, onde esta sexta-feira começa o Festival Internacional de Música de Marvão.
Passou-se cerca de um ano desde o momento em que Christoph Poppen pensou que seria uma boa ideia fazer um festival em Marvão e o dia de hoje, em que esse projecto, que inicialmente parecia improvável, vai tornar-se realidade. Serão três dias de concertos com a orquestra e vários solistas, música clássica mas não só, em lugares muito especiais da vila, do pátio do castelo às igrejas, passando por uma pequena cisterna que receberá o concerto mais intimista de todo o programa.
Poppen não parece nem um pouco cansado, depois de horas e horas a ensaiar. Pelo contrário, todo o projecto parece revigorá-lo, e mal pode conter o entusiasmo perante o que está a acontecer. “Quando se planeia um festival, geralmente arranja-se o dinheiro e depois vê-se quanto se pode pagar e quem se pode convidar”, explica. “Mas achei que isso ia demorar demasiado tempo, e que seria melhor começar pelo lado artístico. E como o melhor é suficientemente bom, comecei por convidar a Orquestra Gulbenkian, que imediatamente concordou em participar e com dois programas, o que é fantástico.”
Depois voltou-se para os amigos e desafiou-os. “Expliquei a situação, disse que queríamos fazer um festival e que não tínhamos dinheiro, que não poderia pagar-lhes como deve ser, mas que mesmo assim gostaria que viessem. Todos concordaram em vir pela ideia do festival. Foi então que começámos à procura de dinheiro”. Apesar dos apoios institucionais que conseguiram em Portugal, o verdadeiro apoio financeiro que vai permitir que o festival aconteça acabou por vir de duas fundações alemãs.
“A soprano Juliane Banse que é muito famosa e muito ocupada, acaba de actuar com as orquestras filarmónicas de Israel e de Viena, e tem estado nos grandes palcos do mundo, virá”. Abre um enorme sorriso. “Consegui convencê-la porque é minha mulher, e mesmo assim não foi tão fácil como isso”. Virão também o clarinetista alemão Jörg Widmann, a violinista também alemã Veronika Eberle, Ricardo Gordo, que tocará guitarra portuguesa, o Novus String Quartet, “um quarteto coreano fantástico, estrelas em ascensão”, Felix Maria Woschek, “um cantor entre estilos, entre mundos, cujo objectivo foi sempre construir pontes entre as diferentes religiões” e que vive em Portugal, e a alemã Susanne Schietzel-Mittelstrass, que tocará flautas paleolíticas.
Tudo se passou de uma forma pouco habitual. Poppen é, claro, o director artístico, mas o Marvão Music não tem exactamente um administrador. “O que aconteceu foi que desde o início houve voluntários da região que disseram que gostariam de participar, mas nenhum queria ser o principal. E assim toda a organização é feita por um grupo democrático de pessoas que reúne portugueses, estrangeiros que vivem na região, e portugueses que viveram no estrangeiro.”
O maestro, que já comprou uma casa na vila, começou a explorar os espaços e perceber que no castelo “há um pátio perfeito, com uma acústica fantástica”, onde irá tocar a orquestra. “Há também um anfiteatro natural onde no futuro gostaria de construir um palco, mas isso terá que ficar para outra edição”. Depois, e porque “Marvão é também um lugar com uma forte carga espiritual”, quis usar três igrejas, duas das quais não estão habitualmente abertas ao público.
E, por fim, haverá o tal concerto especial na cisterna do castelo, no qual Susanne Schietzel-Mittelstrass tocará flautas paleolíticas. “São flautas da Idade da Pedra, os primeiros instrumentos que o Homem começou a usar, e ela vai tocá-los na incrível cisterna, dentro de um barco”, conta, entusiasmado. Poppen acredita que para músicos habituados “a tocar nas grandes salas de concertos, com o microfone à frente” será um prazer tocar nestes espaços e relembrar que “a música nasceu de um sentimento de amor à vida”.
Quanto ao futuro do festival – que o maestro já sonha abrir a outros estilos musicais e a “incluir projectos educacionais com crianças e jovens músicos” – muito vai depender de como correr esta primeira edição. “Os responsáveis locais, o Turismo do Alentejo, todos sentem que isto é uma coisa muito especial”, afirma. “Se tudo correr como imagino, vai-se criar uma ligação emocional tão grande que as pessoas estarão dispostas a dar o passo seguinte e a dizer ‘este é o meu festival’”.
In Jornal Público

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Ensaio Geral



Se hoje já foi assim, como não será amanhã, sábado e depois, quando for à séria.
Não é à toa que eu falo desde o início que isto é um sonho, não é à toa...

Last call - http://www.marvaomusic.com/

Hoje chega o maestro, hoje chega a orquestra da Gulbenkian
Esta noite, no castelo, há ensaio geral aberto à população, gratuito
Carros grandes demais para estas ruas tão estreitas tentam fazer chegar todo o material necessário.
Muitos ajudam, muitos ajudam neste sonho.
Hoje os meus filhos vão ver pela primeira vez uma orquestra de música clássica ao vivo. E logo a melhor, e logo com o maestro. Uma antevisão da gala de sábado para a qual temos bilhetes.
À Estalagem chega amanhã um quarteto coreano, de cordas. Que orgulho. Um quarteto para nós é quase casa cheia.
E assim começa um fim de semana em grande.
Que sorte que nós temos.

terça-feira, 22 de julho de 2014

Snobismo Rural *

Correios, trabalha lá a D. Maria - tempo médio de espera: 0 a 1 pessoas
Caixa Geral de Depósitos, trabalha lá o Sr. Vítor, a D. Isabel e o Sr. Fernando - tempo médio de espera: 0 a 2 pessoas
Registo Civil, trabalha lá a D. Irene e o Sr, Zé Manel - tempo médio de espera: 0 a 1 pessoas
Finanças, trabalha lá o Pedro e o Sr. João - tempo médio de espera: 0 a 2 pessoas
Segurança Social, trabalha lá a D. Beatriz, a Xana e a Ana Pinheiro - tempo médio de espera: 0 a 1 pessoas


Pode-nos faltar muita coisa, acreditem que falta. Mas temos o tempo, e o conhecer as pessoas pelos nomes. É ou não tudo uma questão de perspectiva?



*título espantoso encontrado numa blog recém descoberto chamado Dias de Telha


segunda-feira, 21 de julho de 2014

É tão linda a minha terra


Começar o dia fazendo o check out a um casalinho de espanhóis muito novínhos que vieram só para conhecer o Alentejo
Falar de Estremoz e da Mercearia Gadanha, de Vila Viçosa e da estátua do D. João IV.
Falar de Monsaraz e do Alqueva que se vê tão imenso, de Évora e do Jardim Público
Falar de Cuba e da Taberna do Arrufa, do peixinho que se come em Porto Covo e da Ilha do Pessegueiro
Falar das praias Costa Alentejana, as melhores do mundo, e depois inverter para o interior, para Viana do Alentejo, ou Borba, ou Redondo ou Mértola.
 Há tantas amigos, terras mimosas, brancas, limpas. Há campos imensos outrora amarelos que o Alqueva esverdengou. Falar bem de Serpa Terra forte, porque o Alentejo do sul está tudo ali.
Terra alongada, calor, paixão. Aqui pertencemos.

domingo, 20 de julho de 2014

Quando os dias valem a pena

http://quadripolaridades2.blogspot.pt/2014/07/a-sul.html

A Estalagem e a Mercearia de Marvão foram quadripolarizadas ;)

sábado, 19 de julho de 2014

O poder da mini meia

Dia cinzento com chuva e vento e frio
Comento com o merceeiro pelo chat do facebook : hoje não se vai vender nada
Depois chega uma excursão de donas de casa espanholas
Vieram ao engano, coitadas, disseram-lhes que por cá era Verão
Os paraguas foram todos, e a seguir uma caixa completa de mini meias
Meias de mousse parece-me hoje mais doce do que mousse de chocolate.
São dias

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Despedindo-me da mercearia das manas Sobreiro


Não me pude despedir. Os filhos e o trabalho, o só ter sabido dois dias depois. Despeço-me aqui, despeço-me assim, com gratidão pelo que me ensinaram.
Conheci estas manas na volta da Biblioteca Itinerante. Era a primeira paragem da manhã, na Beirã, e com certeza das mais doces. Não tiravam livros, a cunhada D. Alzira sim, elas não, mas davam-me conversa.
Perguntavam sobre os meus meninos, os meu trabalho. Perguntavam sobre o Pedro e a Cristina, meus amigos. Interessavam-se, acarinhavam-me, naquele início de manhã de cada sábado, à porta da sua linda mercearia.
A mercearia delas é a mais bonita de Marvão. Não é a minha, que eu digo muitas vezes ser a mais bonita. É a delas.
Antiga, com um móvel a preceito, com uma parede cheia de cestos, uma pintura estranha na parede, cheia de histórias de quem viu a Beirã no seu auge e no seu declínio. Está dividida, entre a parte da loja e a da taberna. Com uma grande porta para a rua, num prédio antigo, linda de verdade.
Como explicar que um sítio já quase vazio, onde já quase não se vendia, pudesse estar tão cheio de alma, tão cheio de carinho por toda a gente que ali se chegava.
A Dona Maria, uma das manas Sobreiro já cá não está. Fica a mana Cali, na foto com a minha Isabelinha, também já meio ausente pela doença.
Fica a memória de um sítio bonito onde sempre fui recebida com um sorriso, as memórias das festas de anos na casa do Pedro e da Cris, onde sempre me perguntavam pelo meu negócio, genuinamente contentes por eu estar "a ter sorte".
Um dia queremos lá ir, dizia a Dona Maria.
Quando a vida nos obriga a começar de novo, a dar a volta por cima, a escolher novos caminhos, como me aconteceu a mim há três aos atrás, é preciso sorte para nos cruzarmos com bons exemplos, inspirações genuínas, para aprendermos com quem sabe mais que nós.
É isso que eu me sinto neste post de despedida, reconhecida pelo que as manas Sobreiro me ensinaram.
Para ser uma boa merceeira, o mais importante é receber bem, quem entra à nossa porta.