terça-feira, 25 de junho de 2013

Quando nasce um menino, é sempre Natal


Nasceu na semana passada.
Há sete anos que não nascia um bebé em Marvão (vila)...
Que a chegada da Sofia seja um sinal de esperança e renovação.
A Mercearia não podia deixar de oferecer uma prendinha, como que a dizer: Bem-vinda sejas!

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Crónicas da Vida na Aldeia – A má língua

Soube hoje de um episódio triste. Eu às vezes tenho para mim que na aldeia também sou um pouco outsider (e ainda bem) e por isso só venho a saber das coisas muito tarde. Enquanto ouvia a história, contada pela “personagem principal” não conseguia deixar de rir, porque no fundo é uma história insólita.

Os pormenores pertencem a quem de direito e o processo ainda está em curso pois envolve as autoridades, mas resumindo, não passa de um mau entendido! Uma daquelas histórias que parece de filme pelo caricato que significa e que confiando no bom senso de todos, se há-de com toda a certeza resolver.

Mas  ele há os episódios insólitos e os episódios insólitos que acontecem em contexto de aldeia. E isso, senhores, faz toda a diferença. Porque quando se escolhe viver numa aldeia escolhe-se viver em comunidade, com todo o mau e o bom que isso acarreta.

Por mais que uma pessoa tente viver para si, na aldeia, não se consegue. Por uma razão ou por outra, tarde ou cedo, acaba por ser vítima de boatos e falatórios. Ele é porque é de fora, porque se veste de forma diferente, porque os filhos levam sandálias para a escola enquanto os outros usam ténis, porque não vai à missa, porque sai cedo de casa ou entra tarde, porque deixa crescer ervas daninhas no quintal ou porque comeu demasiados doces no natal e engordou.

Agora imaginem: Uma cachopa nova que veio de fora com a família para iniciar um negócio novo! Que se veste de forma descontraída porque passa os dias metida numa obra e isso o exige. Imaginem que esta cachopa tem queda para se meter em “filmes” insólitos e por uma imprudência se vê “apanhada” pelos guardas enquanto come um gelado descansadamente com o filho ali para os lados da Portagem….isso……é um prato…é tudo o que as dondocas que frequentam as mesas do café precisam para começar o chorrilho de mentiras, mal discência e muita, muita mesquinhez. Carradinhas de mesquinhez.

É que eu tenho muito mais medo das más línguas da aldeia do que tenho dos senhores guardas. Muito mais! (até porque quanto aos guardas até casei com um). É que nas aldeias se concentram muitas pessoas que não entendem que o mundo é muito maior do que o morro de Marvão, que a vida é muito mais complexa do que contam o Goucha e a Cristina nas manhãs da TVI e que a forma como a vizinha estende a roupa no estendal, só por ser diferente da sua, não é assim tão grave.

É nesses momentos que cai em nós que há mesmo pessoas más, com mau fundo, com rancor no coração e principalmente na língua. Destas, só pena, muita pena, porque tarde ou cedo, sofrerão em dobro aquilo que fazem os outros.

O problema  é ter que enfrentar essas pessoas todos os dias nos cafés, na mercearia, ou quando se levam os filhos à escola. Porque é assim a vida na aldeia, vivida em comunidade. É ter que as encontrar nas festas  e ter que cumprimentar, ou quando as coisas já estão irremediavelmente azedas, ignorar, com a altivez de quem tem a verdade do seu lado.

É ser maior do que a mesquinhez das más línguas da aldeia. É difícil, tão difícil…

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Em resposta ao post do Tiago Pereira


Tiago

Eu tenho consciência que de vez em quando desce em mim a bruxa má que neste caso se olhou ao espelho e disse:

- Espelho meu, espelho meu, há festa mais bonita do que aquela em que eu participava?

Tudo o que vem a seguir tem uma mistura injusta de verdade e exagero, explicada pelo meu amor ao dia e ao evento, aos meus filhos e às minhas hormonas saltitantes. Passado um dia, já não teria disparado em todas as direcções como fiz. Alguns tiros manteria em mira, outros não.

Eu reconheço o teu empenho e esforço, bem como o do Jorge Rosado, o do Américo, o do Hernani, o do Filipe Ferreira e tantos, tantos outros. Tu sabes que sim! É por isso que tenho estas pessoas que nomeei como amigos. É por isso que estou desertinha de ir para Marvão viver com as rapas e ver aí crescer os meus filhos, nessa terra de vista lindas e pessoas complicadas (que o é! Como tão bem disse a Marília ontem no meu post)

Beijinhos

terça-feira, 4 de junho de 2013

O Dia da Criança de Marvão 2013

Se há dia em que ninguém tem direito de falhar é no dia da criança.
Não dá, é impossível, este dia é-lhes devido, é delas.
E falhou-se, no dia da criança de Marvão (na minha singela opinião, claro, que vale o que vale)
Comecemos pela análise do dia: Dia da Criança comemorado no dia 4 de Junho. Como? Porquê? Porque dá jeito aos adultos? Nem dia 31 ou 3?Adiante que nem é o mais importante.Certo...
Depois a escolha do espaço: O Castelo de Marvão!
Um espaço sem grandes sombras e com pouca água, exatamente o oposto do local onde antigamente se comemorava esta data, o centro de lazer da Portagem.
Porquê? sei lá, nem quero saber...
Depois vem as questões das rapas. A mais obvia! Vieram em massa no domingo, fizeram estragos na segunda feira. Não sabiam que também as haveria na terça com o calor a manter-se? É óbvio que sim, e com elas o extra dos mosquitos. Mantiveram os planos com a teimosia própria de quem não quer dar o braço a torcer... e o burro é o que anda a pastar lá pelo albacar?
Não é!
Andou-se a espalhar "produto" na segunda feira à noite! Lindo, mesmo lindo, mesmo que vinte mil especialistas me digam que o "produto" é inofensivo, eu quero os meus filhos num espaço onde este foi espalhado há menos de 24 horas?
Nem respondo...não preciso...
Depois as brigas, as briguinhas de comadres! Aqui entra a Câmara Municipal, a Junta de Freguesia e a direção do Centro Cultural. Quem tem razão?
QUERO LÁ SABER!!!!
Os senhores que briguem nos outros dias do ano, têm portanto imenso tempo para o fazer, mas neste não! Este não é o vosso dia seguramente, este é o dia dos que sonham, dos que acreditam em magia, nos que acreditam no poder de fazer o bem!
Basicamente o que eu sei é que estragaram o dia! Que às 12 horas estavam as crianças a abalar no autocarro para a Portagem.
Acabo com o programa: a educadora da minha filha teve a amabilidade de mo mostrar. Entre outras coisas eu li: Treino Físico; Treino de Tiro; Treino Militar...
M-E-D-O
Ainda ontem comentávamos ao jantar: A blusa deste ano devia então ser com padrão camuflado, se é para levar as criancinhas para a guerra...
Mas não, aí não, exagero meu! As actividades tinham a ver com a temática medieval, de jogos bélicos/tradicionais...vá enfim, bem enquadrados no castelo...E havia gente trajada a rigor, e uma associação/empresa a supervisionar...
Longe vai o tempo do trabalho de equipa entre funcionários da Câmara, em que tudo era pensado, sonhado, executado com a prata da casa...longe vai o tempo...

Se a minha filha me vai dizer que gostou do dia? É obvio que sim, isso é o mesmo que perguntar a quem tem pouco se não ser um pedacinho de alguma coisa...
Deixar uma criança contente não é difícil...
Agora os pais...agora esta mãe... isso são outros quinhentos, e esta mãe aqui não gostou! Nada! E diz com todas as letras!
Porque esta mãe desde que o é, que se envolve, que participa, que está presente nas listas das Associações de Pais. Porque esta mãe quer saber!
E por isso mesmo não aceita para os seus nada menos do que o melhor!
PORQUE NÃO É ESTE O LEGADO!
O legado do dia da criança de outros tempos não são produções milionárias e estrondosas, é tão simplesmente AMOR, DEDICAÇÃO, EMPENHO, É DAR O MELHOR POR ELES.
E isso foi exatamente o que falhou. Preocuparam-se antes  em brigar,  lançar comunicados, dizer mal uns dos outros, deixando o que importa para trás!

Shame on you, meus senhores, shame on you
TODOS! Sem nomear ninguém, porque lá nisso, portaram-se todos da mesma maneira.
E desculpem lá se chateio alguém com este texto, desculpem lá se exagero. Acreditem que não é por maldade. É que eu estava aqui na loja de manhã e apesar dos mosquitos abri um pouquinho a porta quando ouvi o hino.
Era a minha voz...mas já não era, entendem...já não é esta a minha festa. A minha, agora, é vivida através da alegria dos meus filhos. Porque tudo o mais, fizeram por tirar-me.
Para um ano um conselho...vivam mais o dia, vivam-no a brincar, pensem-no como...uma criança!
Vai correr bem melhor