segunda-feira, 11 de maio de 2020

Cerejas em Maio

Há vários anos que não chovia tanto em semana de Sra de Fátima, diz-me o Sr. Dionisio quando vem buscar o pão.
A meteoalentejo regista que este ano está já bem chovido em Marvão, a barragem está a largar água pelo ladrão e o verde está bem garrido por esses campos fora.
A água de Abril estragou a pouco cereja que temos na Serra de São Mamede, o Sr Reia já me tinha confirmado no fim de semana passado..
- A cereja tardia parecia bonita mas ou os pássaros a comem ou esta água a "arracha"
Mas Maio não é Maio sem cereja. Sem o doce e a cor, sem promessa de Verão.
Precisamos todos agarrar-nos à esperança de coisas boas, de reconciliação com a natureza em que o ciclo da vida não interrompe por quarentenas ou vírus.
Podia vir do Vale del Jerte, aqui tão perto. Um vale tão bonito e conhecido da província de Cáceres, promessa de cereja carnuda e gorda. Mas com a fronteira fechada, também não creio.
Quero ver se chega ao final da semana, mesmo se vier cara não faz mal, os fregueses pedem-na. A cereja não é só fruta, já disse, é a alegria do calor, é esperança.
A ver se as Beiras nos salvam...

segunda-feira, 2 de março de 2020

Sotaque

Atende-me quase todas as quartas de manhã, no Mercado Municipal, no espaço de venda da Queijaria Fortunato (Tolosa - Nisa)
Tem sempre uma bata impecavelmente branca a combinar com a cor dos cabelos, um sorriso simpático e muito saber fazer.
Depois de me aviar a encomenda, para eu pagar, passa-me a fatura pedindo-me o número de contribuinte.
A Dona Graça (nome tão da terra) não sabe o quanto eu gosto de a ouvir dizer o zero zero do número de contribuinte porque o faz com o sotaque de Nisa.
O zero passa a "zaero" de uma forma tão bonita, como já não se vai ouvindo.
Eu reparo sempre, e gosto muito.