quarta-feira, 31 de julho de 2013

O papel

Para se fazer qualquer coisa neste país são necessários mil "papéis"
Uma pessoa sofre, literalmente, para tratar de qualquer burocracia que seja. Há sempre uma "papel" que não está bem.
As aplicações que já surgiram online (ex: segurança social directa, portal das finanças, net emprego) não facilitam, muito pelo contrário, de tão complicadinhas que são. A única diferença é que complicamos em casa em frente ao computador e não numa repartição.
Se por um lado no interior o acesso Às instituições  é mais facilitado, porque se conhece sempre alguém simpático e disponível a ajudar, por outro tudo corre lento, lento.
A partir de amanhã eu vou dar um emprego. Um emprego com contrato, com descontos, com seguro, com subsídios. Tudo como deve ser, tudo como é de lei. Deviam-me levar em ombros por estar a criar emprego numa época destas, mas não, sofro em cada passo que tento dar.
Por culpa da burocracia. Por culpa dos papeis.

terça-feira, 30 de julho de 2013

Será que se eu amanhã escrever um post a queixar-me da sinalética em Marvão também resulta? É que eu tenho paciência para escrever um post por dia na boa


Cultura em Marvão. Mal...tão mal...

Temos pouca oferta cultural em Marvão
É um facto
Pouca e muito mal divulgada, o que ainda torna tudo bem pior.
Ontem houve um concerto na igreja de São Tiago de música renascentista, integrado na Boda Régia.
O cartaz e os flyers foram entregues para divulgação aqui na Mercearia no próprio dia, pela hora de almoço.
Pois...
Hoje como sabia que haveria outro concerto na mesma igreja procurei na página do Município se seria o mesmo horário (demasiado cedo, pelas 20.30...)
Figura o cartaz e o flyer para download, é um facto, mas destaque para o concerto de hoje, nada...
Página do facebook do Município sim que destacam, num post de ontem, mas o dia da semana está enganado, criando mais confusão.
É assim que estamos e mais não merecemos, pelos vistos...

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Os grandes e os pequenos

Ontem recebi no correio um folheto publicitário do E.Leclerc de Portalegre.
Uma promoção só com produtos regionais, o que me parece muito boa ideia.´
Defensora que sou das marcas da terra, estive com atenção a ver preços. Sei o que é a competição em termos de preços no comércio a retalho, sei da dificuldade dos pequenos produtores em colocar os seus produtos nas grandes superfícies. Os contratos que estas grandes lojas fazem são ferozes e quando não são bem geridos muitas vezes podem significar a ruína dos pequenos negócios.
Como em tudo na vida, é gerir e negociar entre as partes
Mas voltando à questão dos preços, verifiquei no folheto em questão que há produtos que eu compro directamente aos fabricantes que surgem com um PVP mais barato do que o preço que eu pago enquanto retalhista...

Se isto é correcto? Se isto é justo? Não. Quem fica a perder? São sempre os pequenos, sempre...
Mas é assim que funciona. Eu sou apenas uma merceeira numa terra com pouco mais de 100 habitantes, não significo muito....não compro em quantidade...
Se eu decidir comprar ao E.Leclerc de Portalegre ainda conseguirei reduzir os preços enquanto o stock durar...
Se me agrada isto tudo? Nada
Mas se é assim que funciona o jogo, que remédio tenho eu, que sou pequena...

sexta-feira, 19 de julho de 2013

A moda do empreendedorismo

Há dias que são tão complicados
Dias em que as preocupações não nos largam, os prazos e as obrigações também não, em que as contas para pagar nos perseguem como leões famintos e desejosos de nos devorar inteiros.
Dias que começam às 7.30 para só acabar às 2.30 da madrugada seguinte, fazendo-nos perder a calma, a tranquilidade, da possibilidade de disfrutar do "estar" com aqueles que gostamos.

Vai-me dando cada vez mais graça a moda do empreendedorismo, juro que sim. É tão bom, tão bonito e tão fácil fazer e acontecer.
Mas é para os outros...
É tão injusto a conversa do, "então, qual vai ser o próximo projecto?", como se não fosse tão difícil ter chegado até aqui, manter a funcionar, fazer resultar...

O território é adverso, perde gente de dia para dia, quando são exatamente as pessoas que fazem tudo girar. O país está em modo adverso, e localmente , sabe Deus...nem o ano de eleições faz lembrar os do poleiro que há solicitações a responder, há coisas importantes a tratar, antes se dão beijinhos a velhinhos que resultam em pleno, para quê perder tempo com quem não vota em nós...para quê perder tempo com pessoas a quem já tirámos tudo...

Dói ver o que me rodeia. Dói ver a dificuldade de quem realmente merece e luta como eu para se manter à tona de água, enquanto outros por quem passo todos os dias não têm noção do que custa ganhar o dia a dia, o chegar ao final dê cada mês. Não sabem o difícil que é não ter quem nos ponha o salário na conta...
Há quem mereça, mas há tantos que não...há tantos que se queixam por nada...

Já não vou conseguindo ter paciência e tolerância, há dias que não consigo ter paciência para os xicos espertos, para quem não cumpre, não é sincero, quem pedincha sem dar nada em troca, quem copia, quem prejudica. Tento acreditar que quem faz mal aos outros recebe em dobro... mas tarda, tarda tanto,..

Lembro-me do dia em que estive num programa de televisão e quando cheguei a casa e liguei o computador li qualquer coisa parecida a esta frase, vinda de uma pessoa que eu não conheço nem nunca falou comigo:
- Parabéns Catarina, é preciso trabalhar mas também é preciso ter dinheiro...
Lembro-me da maldade e da inveja que está por detrás deste comentário. Esta pessoa, que eu já esqueci o nome,  não me conhece, nunca trocou duas palavras comigo. Mas ainda assim, e porque eu apareci contente e feliz num programa de televisão, acha que tem visão raio X para a minha conta bancária, acha-se no direito de menosprezar a luta que eu travo todos os dias.

Porque eu sei que tenho muita sorte. Que tenho muito, que estou no meu caminho e só preciso continuar em frente, afastando o que não interessa. Mas caramba, hà dias que são tão complicados, que desabafar é a única solução...mesmo que não se conte da missa a metade.
Dou voltas e voltas e tentar encontrar soluções, a tentar ajudar quem eu sei que merece, a sonhar no fundo...porque sonhar alivia o peso dos dias.

E agora siga, que ainda há muita coisa para fazer hoje...

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Festa!


Fim de semana de festa por aqui!
Fim de semana a provar que a iniciativa privada faz, acontece, e faz bem!
Primeiro o festival de cinema do mundo de Marvão. Três dias em que estive sempre presente, primeiro nas sessões da noite e depois na sessão infantil, três dias em que à conta dos pequenos merceeiros fiquei com três filmes por acabar pois tive que sair mais cedo devido ao rebuliço.
Vê-se mais tarde, paciência.
Filmes interessantes e bem escolhidos, sem esquecer as crianças, cenários de sonho (anfiteatro da Portagem em noite de verão com vistas para o castelo iluminado), espetáculos paralelos, comida africana, e um montão de outros pormenores que diferenciam.

Depois uma noite na Beirã, na estação onde já não passam comboios mas renasce a vida para um jantar muitíssimo bem servido pelo recém inaugurado restaurante "Sabores de Marvão", com fado interpretado por artistas locais e dança flamenca pela nossa boa vizinhança com Espanha.
A apresentação do projecto Train Spot, uma guesthouse com muito nível do casal Lina e Eduardo que está quase, quase a abrir.
Casa cheia! Gente!
Tão bom de ver.
Claro que os apoios suportam e ajudam muita coisa, mas a iniciativa está lá, e por isso o mérito é inquestionável! Por momentos esquecemos que o poder local só sabe reproduzir o já feito ou lançar semanas gastronómicas. Por momentos, e pela mão de quem está cá para ficar, para mostrar, para resistir.

Parabéns a todos!

domingo, 14 de julho de 2013

Repartir

Entrou uma família de quatro. Pais e duas filhas pequenas.
Eram brasileiros e os brasileiros são quase sempre simpáticos e conversadores. Confirmei isso mesmo.
O pai comprou uma boleima de castanha com uma moeda de um euro. Quando ia entregar o troco de 10 cêntimos a filha mais velha estendeu a mão e entreguei-lhe a moeda.
A filha mais pequena ficou triste. Pedi:
- Dás-me a moeda de volta?
Ela deu.
Abri a caixa e tirei duas moedas de 5 cêntimos que entreguei a cada uma delas.
Ficaram contentes.
O pai disse:
- Também é mãe. E de dois filhos.
- Dois a caminho dos três.
Com pouco nos entendemos e conhecemos.