quinta-feira, 10 de abril de 2014

Por vezes o melhor comentário é não comentar...

Mas eu,  assumida portuguesinha labrega que não usa regularmente citações de poetas e escritores para enriquecer a minha prosa, antes escreve como sabe e aprendeu, tenho um sangue que ferve e uma cabecinha que pensa e causa-me cá espécie que numa comunidade tão pequena como a nossa, uma comunidade em que todos nos conhecemos, sejam necessárias cartas para comunicarmos.
Mas se de cartas abertas falamos então vá vai a minha epístola, que eu não gosto de ficar para trás.

Na podridão cultural em que está Marvão, terra em que não há biblioteca, não há teatro, não há cinema, não há ballet, não há jornais e só muito de quando em vez há um concerto digno desse nome, o maestro Poppen chegou e sonhou um festival. Um festival de música clássica, com a orquestra da Gulbenkian imagine-se, para tocar no verão no recinto do Castelo.
Um sonho. Um sonho lindo.

O que o maestro não contou foi com os portugueses.
Os portugueses que acham que têm que ser consultados para que alguma coisa de realize
Os portugueses que acham que o inglês não serve como língua universal
Os portugueses que se ofendem. Muito!
E que acham que a melhor maneira de defender as pedras é atira-las aos outros!

Somos tão pequenos, tão minúsculos no pensar...
Não merecemos Maestros com festivais de música clássica. Porque só nos concentramos nos conflitos, nas guerrinhas de quintal, na língua em que está o cartaz e em ofensas autoinfligidas.
E não nos sonhos lindos que outros ousam partilhar connosco

Respeitosamente,
Marvão, 10 de Abril de 2014


Catarina Machado 
(orgulhosamente bronze sponsor do Festival Internacional de Música de Marvão através do seu micro negócio) 

Outras opiniões: http://pedradasnocharco.blogspot.pt/2014/04/cantas-bem-mas-nao-me-alegras.html

15 comentários:

  1. Catarina, talvez te surpreenda saber que o próprio Maestro não apenas concordou integralmente com a carta, como a elogiou fortemente. Para além de, também ele, ser da opinião que o tal cartaz foi um enorme erro.
    Poderás, em querendo, confirmá-lo.
    Bj
    Miguel Teotónio Pereira

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    1. De modo algum me surpreende, Miguel. O maestro é uma pessoa culta e educada, e como tal aceitou a crítica.
      E a crítica, concordo, é válida, é pertinente. Eu também acho que o cartaz devia ser bilingue, mas não o considerei ofensivo por estar em inglês, caramba.
      Mas escrever uma carta aberta, querendo chamar a atenção dos demais, em vez de contactar directamente quem de direito, parece-me a mim que é deitar abaixo uma ideia bonita, apenas isso,
      Falar em exclusão, em ofensa aos portugueses, em desrespeito pela língua portuguesa? Que absurdo exagero que nada acrescenta nem constroi...
      Beijinhos

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    2. Catarina, acho que não me expliquei bem. O Maestro não apenas concordou com a carta, não apenas a elogiou, como concordou com o facto de ela ter sido escrita, e também com o modo da sua divulgação. Ele chegou mesmo a agradecê-la - não apenas porque é uma pessoa educada (o que não equivale a não se ter opiniões próprias e a exprimi-las) - mas também porque ela, a carta, permitir-lhe-á corrigir uma trajectória errada, e que colidia com a sua própria visão do festival.
      Mas, é claro, e digo isto sem ponta de ironia, essa é apenas a opinião dele. Outras - como a tua - são tão legítimas como a dele.
      bj
      Miguel

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    3. Este comentário foi removido pelo autor.

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    4. Ainda bem que sim, fico contente, porque o que interessa no fundo, é que o festival tenha lugar em Marvão e seja um sucesso (não sei se é esse o desejo dos signatários da carta aberta, nela não o expressam, alias, não expressam nada de positivo acerca do festival...)

      De uma forma geral, no conteúdo e na forma estou em profundo desacordo com essa carta aberta, mas de facto é apenas a minha opinião

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  2. Também posso assinar por baixo? É mesmo uma pena.

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  3. Olá Catarina. Como fiquei feliz de ouvir falar de um festival de música em Marvão! E logo com a Gulbenkian? É sério? Isso vai mesmo para a frente? Sabe que em tempos, também eu, que também estou ligado à área cultural/musical, pensei em levar algo aí, no campo da ópera, como fizemos em Óbidos, mas foi impossível! Sou de Santo António das Areias, mas residente em Torres Vedras, mas vou aí muito frequentemente porque o calor dessa terra faz sempre falta ao corpo e à alma...
    Força com isso e se puder ajudar, diga. franciscojmarques@gmail.com
    Francisco

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    1. olá Francisco
      Veja mais aqui: http://marvaomusic.com/pt---o-festival.html

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  4. Olá Catarina: um festival de música clássica em Marvão com a Gulbenkian? A sério? Estarei a ler bem? Que maravilha!!! Sabe que já em tempos eu, que estou também ligado à área da cultura/música clássica, tentei levar aí algo relacionado com a ópera, como fizemos no castelo de Óbidos e em Sintra, mas... enfim! Tinha tanto gosto em fazer algo aí na minha terra! Sou de Santo António das Areias, mas resido em Torres Vedras e vou aí muito frequentemente porque a saudade não deixa estar muito tempo sem respirar esse calor... Se puder fazer algo para ajudar, estou ao dispor. franciscojmarques@gmail.com
    Boa sorte e força nisso!
    Francisco

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  5. Catarina, acho que não me expliquei bem. O Maestro não apenas concordou com a carta, não apenas a elogiou, como concordou com o facto de ter sido escrita, e com o modo da sua divulgação. Chegou mesmo a agradecê-la, não apenas porque é uma pessoa educada (o que não equivale a não se ter ideias próprias e a exprimi-las), mas porque essa carta permitir-lhe-á corrigir uma trajectória errada (da qual o cartaz é apenas um sintoma, entre outros), que colidia com a sua própria visão do festival.
    Mas, é claro, e digo isto sem ponta de ironia, essa é apenas a opinião dele, outras - como a tua - são tão legítimas como a dele.
    Por minha vez, acho inútil comentar outras afirmações tuas.
    Bj
    Miguel

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  6. Há quem só saiba ver os erros, apontar o dedo, realçar o negativo

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  7. Marvão International Music Festival
    Festival Internacional Música de Marvão

    (altera-se a ordem e duas letras, não se perde o sentido)
    Que exagero!

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  8. Apenas para pedir perdão pela repetição do meu comentário. Não foi intencional, foi aselhice.
    Miguel

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  9. Estão sempre contra tudo, mas nunca ninguém os vê a fazer nada

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