Hoje comemora-se o Dia do Empresário de Marvão. O programa, a decorrer no Ninho de Empresas de Santo António das Areias é interessante e variado e tem muitas apresentações que eu tenho pena de perder.
Mas hoje é um dia de semana em que a maioria dos empresários está a fazer o quê? A trabalhar! E portanto, sendo uma micro empresária não posso simplesmente fechar a porta para ir comemorar este "meu" dia.
Colocar o meu entre parêntises não foi aleatório. Se de facto eu sou uma empresária de Marvão, desde 2011, a verdade é que dificilmente alguma vez me sentirei confortável neste contexto,isto enquanto o poder local lidar com os empresários (vá, não quero ser injusta, como o poder local lida comigo!!!) como tem sido até aqui.
É que comemorar uma data com um programa interessante é algo muito válido e necessário, mas naturalmente, mais importante do que isso, é ajudar os empresários naquilo que são as atribuições do poder local, dando-lhes as ferramentas necessárias para que os seus negócios prosperem, criem riqueza e emprego, sejam o reflexo da vida económica do concelho.
E é aqui, meus senhores, que tudo se complica.
Apoiar, incentivar, promover.
Não é favorecer, subsidiar, ignorar
Não, o necessário é mesmo apoiar, incentivar, promover.
E de preferência todos!
E é por isto mesmo que eu escolhi este dia para falar de um assunto, para mim, importante. Em 1 de Julho de 2013, um mês e meio depois de ter aberto a Estalagem de Marvão, enviei ao Sr Presidente da Câmara um pedido de inclusão da Estalagem na sinalética urbana da Vila.
Não sei quantos meses depois fui informada que "como o processo da sinalética se
encontra encerrado,com a última revisão, foi decidido informalmente que todos
os pedidos posteriores
à referida revisão terão de ser submetidos à aprovação da
Câmara Municipal, como
o presente e depois das devidas autorizações as despesas da
sua colocação serão da responsabilidade dos requerentes. Tratando-se de um
processo dinâmico, o
município considera que
deveria contribuir com a
base do processo,
sendo a sua
continuidade ou os
seus acréscimos da responsabilidade dos interessados em termos
financeiro"
Entendi e aceitei esta posição, se a revisão da sinalética urbana era um projecto encerrado * deveria ser eu, a interessada, a custear uma alteração. Isto porque a sinalética é algo dinâmico, com o tempo surgem novas necessidades e outras que se desactualizam.
Tendo aceite esta posição da Câmara, informei quem de direito e aguardei instruções. Porque o tempo foi passando, sugeri numerosas vezes placas provisórias que minorassem o meu prejuízo. As minhas sugestões nunca foram aceites, a conclusão desta comunicação tardou.
Eu acredito que seja difícil, para quem é funcionário público, compreender a pressa que um empresário tem em resolver "pequenas" questões como estas. O salário está lá ao fim do mês, para quem trabalha muito e para quem trabalha pouco. Está lá.
Para um empresário por conta própria não está. Não é fácil fazer um negócio resultar no nosso contexto territorial e num eterno cenário de crise. Não é mesmo.
É por isso que questões como estas, aparentemente simples, não deviam tardar, não deviam ser tão complicadas
Para que nos serve a proximidade se tudo é gerido em modo "quintinhas" de senhores feudais?
E com tudo isto, e até eu conseguir que a mesma empresa que instalou as placas o fizesse para mim (a expensas minhas, claro) passou quanto tempo? Quase dois anos.
As placas que referem e sinalizam a Estalagem de Marvão na vila foram instaladas este mês de Maio de 2015. Praticamente dois anos depois.
Isto é apoiar, incentivar, promover?
Não é, está mesmo muito longe disso.
O tempo que se perde, a burocracia, as indecisões é algo que não favorece a vida empresarial.
Se eu acho que estas situações se passam só comigo ou que são só deste concelho? Infelizmente não, de modo algum. Falam-me amigos e conhecidos de casos tão ou mais graves do que o meu.
Como se resolvem? Com paciência, com muita paciência por parte dos interessados. E com algum recalcamento e silêncio também, porque falar mal do poder local numa terra como esta é perigoso, é contraproducente, é um verdadeiro tiro no pé.
E será sempre assim ,enquanto se considerar o trabalho público como um favor que se presta a alguns.Não devia ser assim, o trabalho público é um trabalho bem remunerado, algo necessário e que se presta a TODA uma comunidade.
As placas que eu paguei já lá estão. Quando os meus clientes entram na vila ficam informados onde se devem dirigir. A factura que eu devia à empresa está saldada.
Dois anos depois. Para duas placas.
Dia do Empresário de Marvão?
Pode ser que daqui a uns anos sinta este dia como meu. Ou não.
* A Mercearia de Marvão, por ser um projecto temporalmente de execução anterior, foi contemplada na nova sinalética, muito pelo empenho do técnico municipal Nuno Lopes e a ajuda do colega empresário Jorge Rosado.