Aqui na Mercearia há muita gente que me pergunta como se vive em Marvão. Como é a vivência do dia a dia. Perguntam-me das lojas, da escola, da farmácia.
É verdade que é estranho pensar numa vila de apenas 100 habitantes, admito que sim.
Hoje a conversa, no entanto, desceu o monte para Santo António das Areias. Falámos sobre a fábrica que fechou, sobre as lojas que vendem cada vez menos, sobre os jovens que abalam e não voltam porque não há emprego.
E falámos da escola. Da escola onde estudou o meu marido, onde hoje eu tenho os meus filhos mais velhos.
De ano para ano a escola de Santo António das Areias tem cada vez menos alunos. E quando não há matéria prima, custa também encontrar argumentos para tentar pedir que se abram mais turmas, ou que haja verba para materiais ou equipamentos.
Não é que os poucos que lá estão mereçam menos do que quaisquer outros, obviamente, mas a verdade é que a terra definha, morrem os velhos e nascem muito poucos, e o futuro qual é? Pouco risonho, com toda a certeza.
Do outro lado do monte, a Portagem acena. Com um edifício mais moderno e com espaço para crescer, com a direcção em permanência, com as turmas do 2º ciclo que já para lá passaram para poupar recursos (já que as turmas tinham menos de 10 alunos...). E depois o que virá?
Segue tudo para Castelo de Vide? E daí para Portalegre? O futuro é já aí...
Lembro-me de umas reuniões a que eu assistia já lá vão quase dez anos, enquanto representante da Associação de Pais. O Conselho Escolar (acho que era este o nome) reunia representantes das Escolas, da Câmara Municipal e de várias associações ligadas ao mundo educativo.
Falava-se, há dez anos atrás, que o Agrupamento era inevitável. E foi.
Falava-se, há dez anos atrás, que se deviam aproveitar os fundos comunitários para dotar a Escola da Portagem dos equipamentos em falta para estar preparada para eventualmente receber os alunos de Santo António.
Não se fez obra, não se fechou a escola, ainda.....mas até quando?
Falava um Dr Paulo, do Gavião, da Direcção Escolar de Portalegre, que as mudanças eram inevitáveis, que o Ministério se regia por números, e que mais valia aceitar e tirar o melhor proveito possível das mudanças.
Mas falava para uma parede, porque o então (e agora) Presidente nada fazia, nada faz, nada fará.
Culpando este mundo e outro dos problemas que são iguais aqui como no Baixo Alentejo, Beira Alta ou Trás os Montes. Falava mas aqui não se fazia, não se faz, não se fará. Porque é mais fácil culpar quando vem o decreto, quando vem o fecho definitivo, que é culpa dos senhores de Lisboa, nunca dele.
De há dez anos para cá pouco mudou, o pouco que mudou foi imposição de fora...
Hoje inaugurou-se o Centro Escolar de Sousel. Um edifício bonito, moderno, colorido.
Lá os problemas serão semelhantes, Há cada vez menos alunos, com certeza foram fechando as pequenas escolas das freguesias e transitaram os recursos para o novo Centro.
Não é bom, é um facto, mas tirou-se partido da situação para fazer melhor pelas crianças, para lhes dar condições para crescerem e serem educadas da melhor forma possível.
Pois...
É o resultado dos anos inteiros de inércia, de mal gastar, de maus polítioc, enfim, do chamado tempo da democracia ... pois !!!!!
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