Hoje a Mercearia fechou uma hora mais cedo e eu e o Nuno fomos até Póvoa e Meadas.
E valeu muito a pena, oh se valeu.
A dica foi dada pelo Manuel Isaac, do Jornal Alto Alentejo: "Olha que na Póvoa há um senhor cuja família teve uma Salsicharia e que tem umas placas metálicas que ficavam mesmo bem aqui na tua loja".
Feito o contacto por telefone, meio a medo, a recepção foi mais que calorosa.
O Sr. António tem 81 anos e uma vida cheia de histórias e memórias.
Dos negócios do pai, contou que a Salsicharia Videira Louro começou a laborar nos inícios dos anos trinta até depois da II Grande Guerra (1946) no centro de Póvoa e Meadas.
As chapas que se vêem na foto eram feitas por um funileiro para aplicar nas latas de banha de porco e latas de chouriços conservados em azeite.
A casa era pequena em tamanho mas tinha muito trabalho: chegaram a matar 28 porcos e a trabalhar estavam 25 mulheres. Matavam de Outubro a Abril, parando por causa do aumento do calor, e no resto do ano, eram os ratinhos *, cuja rota passava pela Póvoa, que lhes consumiam o toucinho (salgado, para se conservar).
A visita à Mercearia ficou prometida, e agora a minha função é encontrar um sítio bem bonito para as placas da Salsicharia Videira Louro. Muito obrigada, Sr. António, foi mesmo um prazer!
* Os ratinhos eram os jornaleiros, que vinham da Beira Baixa para trabalhar nas herdades do Alentejo
Vinham no Verão para fazer a campanha da ceifa. Traziam pratos e levavam trapos. É uma história triste de miséria e exploração
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