Quando estudei em Lisboa, vivi numa rua comprida e estreita com prédios relativamente altos de um lado e do outro.
Viviam ali, naquela rua, centenas de pessoas e eu, em quatro anos, nunca conheci nenhuma.
Lembro-me de nas noites quentes, ficar curiosa, na janela de marquise, a espreitar para os apartamentos e para a vida de cada um, e no entanto, nunca cheguei a dizer mais do que bom dia a ninguém.
Há uns anos atrás, quando a minha actual vizinha perdeu a mãe e ficou sozinha, confessou-me uma vez na loja que o barulho dos meus filhos e a luz da minha casa lhe fazia companhia. Todas as noites quando venho fechar o postigo da minha janela penso nela e se estará bem. Com pequenas coisas somos presentes na vida uns dos outros. E é assim que deve ser
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