Se há uma pergunta à qual respondo invariavelmente todos os dias, seja a clientes da loja ou aos hóspedes da Estalagem, é quantos habitantes tem a vila.
Numa terra em que morrem muitos mais do que aqueles que nascem, respondo sempre da mesma forma: somos 100 habitantes.
Apesar de ser um número baixo e ser relativamente fácil percorrer rua a rua, casa a casa até atingir o número exacto, a verdade é que um número redondo como 100 dá conforto, é redondinho.
O César era um desses 100 e não havia ninguém que não o conhecesse e considerasse. Perdeu a mobilidade após um acidente de viação muito grave há várias décadas atrás. Vivia em cadeira de rodas, aos cuidados da mãe, numa casa do Terreiro.
Apesar das dificuldades, e foram tantas ao longo dos anos, com problemas de saúde constantes e a dificuldade natural de viver numa terra que não foi feita para pessoas com pouca mobilidade, a verdade é que ao César sempre se viu um sorriso na cara, sempre teve uma palavra amiga para toda a gente, sempre foi um embaixador apaixonado da sua terra.
O César gostava de viver, era grato à vida, mantinha a esperança e valorizava as pequenas coisas. Que lição imensa.
Desde ontem somos menos de 100 porque perdemos mais um.
Aliás, somos muito menos de 100 porque perdemos um dos grandes.
Sem comentários:
Enviar um comentário