sexta-feira, 3 de maio de 2019

Van Gogh


Era para ter sido um dia normal, de folga, com ida a Portalegre às compras. Não foi.
Quando descíamos de carro do Calvário para as Portas da Vila, vi rolar desamparado, na calçada, uma pequena bolinha de pêlo.
Como acontece, muitas vezes, naquela hora do dia, para cima vinham os funcionários da Câmara e outros serviços. Numa rua em que só nos cruzamos dificilmente, a opção era atropela-lo segunda vez ou ir apanhá-lo.
Foi apanhado, obviamente. Não miava mas sangrava bastante, assustado.
Deixei o pequeno merceeiro na Escola e segui para Portalegre, direita ao consultório dos meus amigos Marisa e Pedro Alegria.
O diagnóstico não tardou. Tinha a orelha muito maltratada e a cauda teria que ser amputada. Mas de órgãos internos e esqueleto estava bem,
Ficou para a operação. Ao final da tarde soubemos que tinha corrido tudo bem.
Hoje espera-nos para regressar a Marvão. Para nossa casa, claro, porque precisará de ajuda para recuperar. Já tem leite adaptado, whiskas para bebés e do amigo Daniel, uma caixa de transporte para não voltar aos tombos nas curvas da serra.
Pequenos merceeiros querem fazer a adopção plena depois do salvamento. Merceeiros com dúvidas. O nome ficou logo escolhido.
Van Gogh da orelha partida. Van Gogh corajoso da calçada de Marvão. Gato vadio sem cauda mas com muita sorte

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