No final de Agosto de 2011 terminou o meu contrato na Câmara
Municipal de Marvão. Foram 9 anos (contando com o estágio profissional) de
contratos a prazo. Esse final de ciclo coincidiu com uma licença de maternidade
e em termos pessoais, como imaginam, não foi um período nada fácil.
Numa terra com poucas oportunidades como Marvão, sabia à
partida que estava condenada a nunca mais exercer a minha profissão, mas em
família, hierarquizámos prioridades e decidimos ficar, criando um negócio
próprio.
Foi assim que surgiu a Mercearia de Marvão, em Novembro de
2011 e todos os projectos que a ela se ligam.
Agora imaginem, duas crianças pequenas, duas casas para
pagar e um negócio emergente. Eram dois
bons salários estatais e de repente veio o desemprego e a necessidade de dar a
volta por cima. Para além da banca, recorremos ao incentivo do IEFP que
contemplava a possibilidade de receber o subsídio de desemprego todo de uma
vez, desde que investido na criação do posto de trabalho.
No
meio de todo este redemoinho de emoções, readaptações e novas realidades, eu
sabia que a lei me conferia um direito: a compensação pela caducidade de
contrato, prevista nos
artigos 252°, n° 3 e 253°, n° 4
do RCTFP (entretanto alterado, penso eu) que se “verifica sempre que a
caducidade do contrato a termo não decorra da vontade do trabalhador e este não
obtenha uma nova colocação que lhe assegure a manutenção de uma relação
jurídica deemprego público.”
Como é natural, solicitei o pagamento do montante previsto
na lei à minha antiga entidade patronal.
Que se recusou a pagar. E não só se recusou a pagar como
nunca me esclareceu devidamente, seja pessoalmente ou por escrito, as razões
desta recusa. Lembro-me por exemplo das palavras de um chefe de divisão : “Ah, há um parecer de outra câmara, que diz
que o que está na lei não é bem assim e então o Sr. Presidente decidiu não
pagar”
Fantástico, não é? Eu até consegui um parecer do Provedor de
Justiça, mas mesmo assim, se recusaram a pagar.
E então eu fui falar com um advogado, e certa da minha razão
e esgotadas todas as possibilidades de diálogo, avancei com um processo em
tribunal.
Em Janeiro de 2013, passados portanto cerca de um ano e
meio, veio a decisão. A meu favor.
Em Fevereiro o processo transitou em julgado e veio a
sentença definitiva. E a Câmara Municipal de Marvão pagou-me.
Para mim, naturalmente foi uma imensa vitória. Uma vitória
que tardou no tempo, envolveu custas processuais e os honorários ao advogado. E
mais do que isso, envolveu um desgaste pessoal muito grande e nenhum dinheiro
no mundo pagará.
Se a história acaba aqui? Não! Ainda está a decorrer um
outro processo relativo a um concurso público que eu ganhei e o Sr. Presidente
da Câmara anulou. A ver vamos. É uma outra história…
O meu conselho vai para todos os que se vejam na mesma
situação: Nunca abdiquem dos vossos direitos!
A justiça pode tardar mas acaba por cumprir-se. A dos
homens, falo na justiça dos homens,
porque ainda há outra…aquela que diz que o mal que fazemos aos outros regressa
em dobro…
Penso que não vale a pena comentar mais nada!
ResponderEliminarParabéns Catarina a tua RESISTÊNCIA INSISTÊNCIA e NÃO DESISTÊNCIA DE EXISTÊNCIA ,deram os seus frutos não por esta vitória(importante), mas principalmente pela tua vontade de fazer acontecer que está a vista com esse projecto comercial de produtos, afectos e com certeza muito mais...
Bem Haja pela tua existência e exemplo.
Muitos Parabens, por ter sido feita justiça e por não ter desistido!
ResponderEliminarConfiemos que a justiça tarda mas não falha... Parabéns!
ResponderEliminarParabéns LUTADORA. Foi com "padeiras" deste quilate que "Aljubarrota" se não perdeu!
ResponderEliminarParabéns Catarina!
Até um destes dias, aí, na Mercearia!
Raul Amaral Marques
Ainda bem que as coisas se estão a resolver. Eu ando a lutar com uma situação mas há menos tempo. Como estava de licença de maternidade, não pude gozar férias antes do final do meu contrato e requeri que as mesmas me fossem pagas. Estou há 4 meses à espera de resposta. Já ouvi de tudo: que não têm que me pagar, quem me fizer um novo contrato que me deixe gozar férias! que acham que é assim, mas que não têm uma base legal para me responder por escrito ao requerimento! que a fotocópia de parte de uma circular do gabinete de gestão financeira, com umas frases sublinhadas a amarelo,(não é a circular toda, só uma folha que não tem o número da circular!) é a resposta ao requerimento! que se eu quero uma resposta por escrito (é claro que quero, estas coisas são sérias de mais para se tratarem por "boca", e o meu pedido tem que ser deferido ou indeferido) vão tratar disso (mas parece que me estão a fazer um favor ENORME e não o seu trabalho)! Vamos ver no que dá.
ResponderEliminarO que é este modo de agir do CM, em particular o único governante.... O que aconteceu aqui, parece tudo indecente e contra a conduta normal dos negócios. Aplicá-lo (conduta normal) também para os políticos, eles são, no entanto, para servir o povo ou, em Marvão não è assim? Esse senhor pode pensar e tratar completemante diferente? É este Presidente adequado para continuar mais um mandato?
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