Fomos à pressa à papelaria do shopping comprar o jornal porque estávamos atrasados para a sessão de cinema.
Já sentados e com um grande balde de pipocas, enquanto dava a publicidade, abri a revista Evasões 360 º (que vem como suplemento ao DN nos domingos) à procura da reportagem sobre Marvão.
Só tive tempo de ver as fotos e fiquei triste, na reportagem sobre Marvão não havia fotos da Mercearia mais bonita, apenas a nossa morada na nota lateral final.
- Ohhh bolas - e confesso, senti-me desiludida durante todo o filme.
Quando o cinema acabou, já no carro e de regresso a casa, tenho então tempo para abrir de novo a revista e ler texto.
No final disse ao Nuno : Ahhhh, tinha ficado tão triste por não ver na reportagem a foto da Mercearia mas afinal fizeram muito melhor do que isso, fizeram um texto tão bonito
A visita tinha sido curta há duas semanas atrás. Um jornalista e um fotógrafo guiados pelo Filipe da Terrius fizeram ronda a alguns produtores/empreendedores/empresários cá da terra. Contei à pressa a minha história, mostrei a Mercearia e tinha sido isso. Falei de como gosto de escrever e partilhar pequenas histórias sobre a terra e a vida do dia a dia.
Quando as visitas são curtas uma pessoa fica sempre com medo de não conseguir passar bem a mensagem, até porque mercearias e merceeiras há muitas... mas vai-se a ver, o texto do João Ferreira Oliveira captou mesmo o que eu queria transmitir.
Apesar de eu gostar muito de escrever e contar histórias, tinha este blog abandonado há muito tempo. Porque online, as coisas mudam muito depressa e estão cada vez mais imediatas. Em vez de escrever textos longos passei-os a curtos no Facebook, e quando o Facebook me começou a enjoar passei para as fotos do Instagram. A necessidade de contar histórias é a mesma, os meios é que se vão alterando. No entanto, nada muda a força de um texto com princípio meio e fim, tal como acontece num livro ou numa revista, é ou não? Dá é mais trabalho :)
O jornalista da Evasões veio ler este blog parado no tempo, recuperou um texto de 2015 quando o António Melara reinaugurou o espaço do avó como museu, para introduzir a visita deles ao Lagar dos Galegos. Ficou mesmo bonito. Deixou-me tão feliz. É que no mundo do imediato é mesmo um privilégio saber que alguém perdeu tempo a ler um texto meu com três anos e a recupera-lo desta forma.
Fez-me sentir que fixar palavras, passeios, impressões, vale tanto a pena.
Fez-me sentir que nesta pequena mercearia alentejana, onde me sento ao computador, consigo chegar ao mundo.
Obrigada!